Católicos protestam contra apoio dado pela igreja a escola de samba de SP
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Grupo Terço Público na Sé, que se reúne em frente à Catedral, no centro de São Paulo, faz ato de desagravo contra o apoio da Igreja Católica ao desfile da Vila Maria |
No último sábado (4), o grupo Terço Público na Sé -- que se reúne todo primeiro sábado do mês em frente à Catedral -- fez um ato de desagravo contra o que consideram uma desonra à padroeira do Brasil. A presença da imagem da santa no desfile foi autorizada pelos cardeais Dom Odilo Scherer, arcebispo de São Paulo, e Dom Raymundo Damasceno, que deixou a arquidiocese de Aparecida no dia 13 de janeiro. Este foi o segundo ato contra o desfile da Vila Maria.
"Estamos em defesa da igreja e da Virgem Maria. Podemos fazer um ato de reprimenda a qualquer autoridade, quando a Sé está em perigo e permite uma profanação como essa", diz a assistente administrativa, Andrea Fiorentino Costa, que lidera o grupo. Ela é irmã da apresentadora Isabella Fiorentino, que, embora já tenha participado de ações do Terço Público, não participa do ato contra o desfile de Carnaval.
Em maio do ano passado, Andrea começou um abaixo-assinado on-line entre amigos e conseguiu recolher 2.038 assinaturas para a causa. "Eu não queira divulgar isso, dar projeção, mas agora percebi que precisava me manifestar. É uma forma de mostrar amor à igreja, a Jesus e à Virgem Maria", explica.
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Grupo Terço Público na Sé é contra a presença da imagem da santa no desfile. "Estamos em defesa da igreja e da Virgem Maria", diz Andrea Fiorentino |
Reclamação aos bispos
O enredo da Vila Maria está incomodando devotos, inclusive, em outros estados. A Congregação Mariana, de Vitória, no Espírito Santo, enviou, no dia 19 de janeiro, cartas para 302 bispos no Brasil na esperança de que ao menos um deles se levante contra o uso da imagem no desfile.
"O Carnaval é uma festa mundana, onde reina a impureza, como pode a Mãe Deus – a rainha da pureza – estar no meio disso? É uma ofensa à fé católica. Isso só é possível num mundo louco como o de hoje", critica Carlos Henrique Delazari, de Vitória (ES), presidente da Congregação Mariana, associação de católicos que têm a vida consagrada à Virgem Maria.
Para Carlos Henrique, o fato de a Vila Maria evitar nudez e cumprir outras regras estipuladas pela igreja -- como não fazer sincretismo religioso -- não minimiza o sacrilégio. "Vão passar outras escolas, antes e depois, com vários temas e nudez. E Nossa Senhora será apenas uma mais. Vou lutar contra isso de todas as formas."
Apesar da disposição, Delazari afirma que não vai entrar na Justiça comum para impedir o desfile. "A escola tem o aval a igreja, então que alguma autoridade da igreja se levante contra Dom Odilo", completa. Ele atribuiu o apoio da igreja à escola de samba à "perda da fé católica".
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Carta enviada pela Congregação Mariana de Vitória (ES) a 302 bispos brasileiros |
Por enquanto, nenhum bispo respondeu ao pedido da Congregação Mariana. "Não queremos que saia a imagem. Nossa Senhora não é do Carnaval. Se sair será uma desgraça, e teremos que fazer muitos atos de reparação à Mãe de Deus. E o que ofende a Mãe de Deus também ofende a Ele", diz Delazari.
Outro lado
Em nota, a Arquidiocese de São Paulo informou que segue com tranquilidade e prudência, acompanhando os trabalhos da Unidos de Vila Maria de preparação para o desfile que vai homenagear Nossa Senhora Aparecida no Carnaval de São Paulo deste ano. "Reiteramos que a Igreja Católica não 'autorizou' o uso da imagem de Nossa Senhora no Carnaval, mas que está próxima da escola para garantir que não sejam desrespeitados o sentimento religioso e as devoções dos fiéis."
Publicado originalmente em BOL
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